O advogado havia elaborado e impetrado, com sucesso, habeas corpus em favor do filho de um antigo colega seu de ginásio, de quem era bastante próximo à época.
Dias após a soltura do rapaz - acusado de tráfico de drogas - e após ter recebido várias ligações de agradecimento dos familiares do jovem que teria sido injustamente detido, o pai, rico industriário do setor calçadista, comparece ao escritório para cumprimentá-lo pela vitória e fazer o pagamento dos honorários.
- Vim te agradecer pessoalmente e pagar a conta do moço!
– anuncia. Que excelente profissional te tornaste!
- Deixa disso, a tarefa não foi das mais difíceis, o amigo nada deve.
Te encontrar depois de muitos anos já é uma recompensa que a vida me dá – o advogado diz com sinceridade.
- Não, de jeito nenhum! Amizade é uma coisa, trabalho é outra. Só saio daqui depois de assinar o cheque – o cliente-amigo insiste, sentando-se na cadeira em frente à mesa do advogado e cruzando os braços, numa sucessão de gestos que sugere estar constrangido em aceitar a graciosidade. Então, considerando o trabalho prestado e imaginando que para o amigo o pagamento dos honorários poderia ser importante medida de reconhecimento, o advogado resolve cobrar modesta quantia: - Um mil e quinhentos reais, então. O resto fica por conta da nossa relação. Mas o homem, para espanto, pergunta, fazendo o advogado concluir que realmente não deveria tê-lo cobrado ou deveria tê-lo pesadamente cobrado, ante a falta de pudor daquele que tinha por seu amigo:
- Dá pra deixar por mil?
fonte:
http://www.espacovital.com.br/noticia_ler.php?idnoticia=8776
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